posso concluir que com este modulo fiquei a conhecer um pouco mais a historia de Portugal e alguns costumes.
Para alem de tudo isto fiquei também a conhecer mais um dos autores portugueses e sua forma de comunicar/escrever que peculiarmente é parecida com a minha embora me falte muito treino ainda para lhe chegar aos calcanhares.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Linguagem e Estilo de Saramago no 'Memorial do Convento'
Escrita de Saramago é marcada por um estilo e uma linguagem peculiares, que o diferenciam no panorama literário português. Crítico de tempos passados e presentes, procura subverter conceitos tradicionalmente aceites na sociedade, satirizando situações e personagens, servindo-se para isso de uma escrita igualmente subversiva.
Efectivamente, a pontuação utilizada por Saramago confere à escrita uma especificidade que desafia a gramática académica, dificultando a leitura. Esta recriação pretende oferecer ao leitor a oportunidade de entoar, ele próprio, as palavras, bem como personalizar a leitura, contribuindo para a sua expressividade. Substituindo-se marcas do discurso oral por maiúsculas e pontos por vírgulas, como em “Hei-de ir para Mafra, tenho lá família, Mulher, Pais e uma irmã”, a pontuação é uma das características mais revolucionárias do estilo de Saramago.
Por outro lado, a visão ‘brechtiana’ do autor é evidente na crítica social que proporciona nas suas obras, através da utilização de figuras de estilo como a metáfora, a enumeração, a ironia e o sarcasmo. Estas servem, sobretudo, para satirizar a sociedade e os seus aspectos mais marcantes. No 'Memorial do Convento', por exemplo, Saramago critica o povo e a realeza por gostarem do espectáculo das touradas, semelhante “ao churrasco do auto-de fé”. De forma subtil ou mordaz, a ironia está sempre presente nas palavras do autor.
Em suma, Saramago assume-se como Neo-realista, com base na ideologia marxista de defesa do povo e crítica ao poder, bem como céptico ao nível da religião. Utilizando, para além da pontuação e das figuras de estilo peculiares, aforismos, provérbios, a coloquialidade e a intertextualidade, subverte o próprio conceito de escrita e afirma-se como um visionário na literatura, no que respeita ao estilo e à linguagem.
ELEMENTOS SIMBÓLICOS
Passarola: é tanto o símbolo da concretização do sonho, representando assim também a libertação do espírito e a passagem a outro estado de consciência, uma vez que que esta é igualmente um símbolo da ligação do céu e da terra, pois ousa sair do domínio dos homens e entrar no domínio de Deus; Por outro lado é um símbolo dual, pois é por sua causa que nasce a Trindade terrestre, mas também é o motivo de separação desta; O voo da passarola está associada em comparação com a mitologia grega
acerca de Faetonte, filho de Apolo, que, querendo imitar o pai, conseguiu com que este o deixa-se guiar o carro do sol por um dia. Porém, Faetonte não conseguiu sustentar o carro no céu, despenhando-se sobre a Terra e morrendo no incêndio resultante. Da mesma maneira, o padre Bartolomeu de Gusmão e Baltasar morrerão devido ao seu desejo de voar e Blimunda tornar-se-á errante.
Sete-Sóis: alcunha de Baltasar porque só pode ver à luz
Sete-Luas: baptismo de Blimunda porque "vê" no escuro, devido aos seus dons;
Sol: representa a força e a própria vida, fazendo corresponder Sete-Sóis a Sete Vidas, transformando deste modo a personagem de Baltasar como representante de todo o povo. Por outro lado, o sol para nascer tem que vencer as trevas, do
mesmo modo que Baltasar tem que vencer a Inquisição e a superstição popular.
E, da mesma maneira que o sol possuí o dia temporariamente, Baltasar atravessa o céu, rasgando o dogma católico do céu como terreno de Deus, adquirindo um estatuto transgressor e de herói mítico. E como tal, para que o destino de herói mítico clássico seja completo, Baltasar morre tragicamente pelo fogo;
Lua: Tradicionalmente a Lua simboliza, por não ter luz própria, o princípio passivo do sol. No entanto, a obra revoluciona o conceito da Lua ao dar a Blimunda capacidades sobrenaturais que dependem das fases da lua, tornando a tão relevante como o sol. Assim é também a relação de Blimunda e Baltasar, pois têm ambos igualdade de direitos e de relevância na obra; Uma vez que a capacidade de Blimunda depende das fases da lua, é revelado a Lua como símbolo do ritmo da Terra, a medida do tempo, este responsável pelo ciclo da vida. Deste modo, Blimunda é quem recolhe as vontades humanas dos moribundos e as
junta nas esferas da passarola, transformando-as em energia vital;
Sol e Lua: simboliza a união como um todo, porque são o verso e o reverso da mesma realidade, o dia; e a união do princípio masculino e do princípio feminino: dormiram nessa noite os sóis e as luas abraçados enquanto as estrelas giravam devagar no céu.
Sete: este número representa a totalidade perfeita. Para além da utilização deste símbolo na expressão da completude de Baltasar e Blimunda, também é recorrido noutras situações, tal como no dia da sagração do convento.
Nove: representa o coroamento dos esforços, o concluir de uma criação, utilizado para simbolizar os 9 anos de procura de Blimunda por Baltasar;
Vontade: as vontades recolhidas, utilizadas como combustível para a passarola voar, representa que, aliadas com a ciência e arte, o querer do homem faz avançar o mundo, superando os seus próprios limites; Esta junção das vontades humanas que é aliada com a ciência e que produz mais força, é comparada com a Primavera mítica que arranca a Humanidade do dogma da religião, do terror inquisitorial e da superstição, livrando assim Portugal da vontade resignada e do pensamento falso e passivo que caracterizava a época;
Trindade terrena: constituída pelo padre Bartolomeu, o pai, por Baltasar, o filho, e por Blimunda, o espírito. Esta simboliza a harmonia perfeita; Uma vez que esta é terrena, está aberta a um quarto elemento,Domenico Scarlatti, dado que quatro é o número da terra;
Mãe de pedra: o transporte desta grande pedra de mármore de Pêro Pinheiro a Mafra é uma epopeia, uma vez que esta acção é descrita com "grandeza" clássica e é vista como um acto heróico dos operários, que tem que transportar uma pedra gigantesca, num carro especialmente concebido para o seu transporte, este comparado a uma nau da Índia, e com a ajuda de duzentas juntas de bois. Os seiscentos homens que a puxam têm que enfrentar difíceis obstáculos do caminho, tal como uma narrativa de heróis clássicos, em que estes têm que contornar grandes obstáculos com um esforço sobrenatural.
acerca de Faetonte, filho de Apolo, que, querendo imitar o pai, conseguiu com que este o deixa-se guiar o carro do sol por um dia. Porém, Faetonte não conseguiu sustentar o carro no céu, despenhando-se sobre a Terra e morrendo no incêndio resultante. Da mesma maneira, o padre Bartolomeu de Gusmão e Baltasar morrerão devido ao seu desejo de voar e Blimunda tornar-se-á errante.
Sete-Sóis: alcunha de Baltasar porque só pode ver à luz
Sete-Luas: baptismo de Blimunda porque "vê" no escuro, devido aos seus dons;
Sol: representa a força e a própria vida, fazendo corresponder Sete-Sóis a Sete Vidas, transformando deste modo a personagem de Baltasar como representante de todo o povo. Por outro lado, o sol para nascer tem que vencer as trevas, do
mesmo modo que Baltasar tem que vencer a Inquisição e a superstição popular.
E, da mesma maneira que o sol possuí o dia temporariamente, Baltasar atravessa o céu, rasgando o dogma católico do céu como terreno de Deus, adquirindo um estatuto transgressor e de herói mítico. E como tal, para que o destino de herói mítico clássico seja completo, Baltasar morre tragicamente pelo fogo;
Lua: Tradicionalmente a Lua simboliza, por não ter luz própria, o princípio passivo do sol. No entanto, a obra revoluciona o conceito da Lua ao dar a Blimunda capacidades sobrenaturais que dependem das fases da lua, tornando a tão relevante como o sol. Assim é também a relação de Blimunda e Baltasar, pois têm ambos igualdade de direitos e de relevância na obra; Uma vez que a capacidade de Blimunda depende das fases da lua, é revelado a Lua como símbolo do ritmo da Terra, a medida do tempo, este responsável pelo ciclo da vida. Deste modo, Blimunda é quem recolhe as vontades humanas dos moribundos e as
junta nas esferas da passarola, transformando-as em energia vital;
Sol e Lua: simboliza a união como um todo, porque são o verso e o reverso da mesma realidade, o dia; e a união do princípio masculino e do princípio feminino: dormiram nessa noite os sóis e as luas abraçados enquanto as estrelas giravam devagar no céu.
Sete: este número representa a totalidade perfeita. Para além da utilização deste símbolo na expressão da completude de Baltasar e Blimunda, também é recorrido noutras situações, tal como no dia da sagração do convento.
Nove: representa o coroamento dos esforços, o concluir de uma criação, utilizado para simbolizar os 9 anos de procura de Blimunda por Baltasar;
Vontade: as vontades recolhidas, utilizadas como combustível para a passarola voar, representa que, aliadas com a ciência e arte, o querer do homem faz avançar o mundo, superando os seus próprios limites; Esta junção das vontades humanas que é aliada com a ciência e que produz mais força, é comparada com a Primavera mítica que arranca a Humanidade do dogma da religião, do terror inquisitorial e da superstição, livrando assim Portugal da vontade resignada e do pensamento falso e passivo que caracterizava a época;
Trindade terrena: constituída pelo padre Bartolomeu, o pai, por Baltasar, o filho, e por Blimunda, o espírito. Esta simboliza a harmonia perfeita; Uma vez que esta é terrena, está aberta a um quarto elemento,Domenico Scarlatti, dado que quatro é o número da terra;
Mãe de pedra: o transporte desta grande pedra de mármore de Pêro Pinheiro a Mafra é uma epopeia, uma vez que esta acção é descrita com "grandeza" clássica e é vista como um acto heróico dos operários, que tem que transportar uma pedra gigantesca, num carro especialmente concebido para o seu transporte, este comparado a uma nau da Índia, e com a ajuda de duzentas juntas de bois. Os seiscentos homens que a puxam têm que enfrentar difíceis obstáculos do caminho, tal como uma narrativa de heróis clássicos, em que estes têm que contornar grandes obstáculos com um esforço sobrenatural.
Narrador
Estamos perante um narrador omnisciente que, ao contar acontecimentos históricos, poderia classificar-se como narrador cronista, não fossem as numerosas reflexões e juísos que insere no que narra que o afastam e da aparente objectividade característica deste tipo de narrador. Além disso, faz muitas fezes comentários apartir do presente que nos indicam que esse narrador omnisciente pertece ao século XX ( como quando faz referencia á chegada do homem á lua). Saramago não pretende ocultar a sua personalidade porque quere que fique claro o seu papel de escritor que interpreta e inventa situações e personagens de um acontecimento histórico, acontecimento de que não se priva de ser juiz e de que, pela forma de o contar, parece ter sido testemunha presencial.
Este narrador omnisciente, borlão, irónico, delitante, demorado nas descrições de situações, descrente e ao mesmo tempo compremtido com os feitos humanos que relata, " filosofia"continuamente, introduzindo considerações no romance que obrigam o leitor a reflectir sobre o que lê e fazendo com que a obra adquira uma importante densidade de conteudo.Tempo
Tempo histórico
O romance tem como plano de fundo o início do século XVIII. Uma época marcada pelos contrastes: as práticas retrógradas e medievais, do povo e da corte, em oposição ao esforço de modernização, com D. João V como representante.
O romance tem como plano de fundo o início do século XVIII. Uma época marcada pelos contrastes: as práticas retrógradas e medievais, do povo e da corte, em oposição ao esforço de modernização, com D. João V como representante.
Tempo diegético
Na narração da obra a cronologia da acção, que sejam eventos reais ou ficcionais, data entre 1711 a 1738 (28 anos), iniciando com a apresentação do rei e terminando com o último auto-de-fé em Portugal, em que Baltasar morre.
Na narração da obra a cronologia da acção, que sejam eventos reais ou ficcionais, data entre 1711 a 1738 (28 anos), iniciando com a apresentação do rei e terminando com o último auto-de-fé em Portugal, em que Baltasar morre.
Tempo do discurso
O modo como flui a cronologia da acção (tempo diegético) é na maior parte do romance linear, tendo porém algumas anacronias, tal como a analepse, a prolepse, utilizada por exemplo para narrar a morte do sobrinho de Baltasar e do infante D.Pedro, e a elipse, utilizada na descrição do período em que Blimunda procurou Baltasar durante 9 anos; e ainda a presença do narrador através dos seus comentários, juízos críticos, registos de língua, e referências ao século XX.
O modo como flui a cronologia da acção (tempo diegético) é na maior parte do romance linear, tendo porém algumas anacronias, tal como a analepse, a prolepse, utilizada por exemplo para narrar a morte do sobrinho de Baltasar e do infante D.Pedro, e a elipse, utilizada na descrição do período em que Blimunda procurou Baltasar durante 9 anos; e ainda a presença do narrador através dos seus comentários, juízos críticos, registos de língua, e referências ao século XX.
Espaço
| Macro espaço: Lisboa | Macro espaço : Mafra | ||
| Espaço Interior | Espaço Exterior | Espaço Exterior | Espaço Interior |
| Micro espaço | Micro espaço | Micro espaço | Micro espaço |
| -Convento de S.Francisco -Casa de Blimunda -A albergaria da Quinta de S.Francisco | - Terreiro do Paço (onde decorriam as touradas) -Rossio (espaço dos autos-de-fé) -Quinta em S. Sebastião da Pedreira | - Alto da Vela (local escolhido para a construção do convento) - Pêro pinheiro -A casa de Sete-Sóis | - A casa de Sete-Sóis -A igreja de Mafra devidamente ornamentada no dia da sagração da primeira pedra do convento |
| - Monte Junto, espaço localizado entre Lisboa e Mafra. É o local que acolhe o objecto onírico, a passarola. A máquina de voar aterra em Monte Junto, na natureza virgem, após o primeiro voo, com partida de Lisboa e com passagem por Mafra | |||
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